Izaura Nascimento Soares

 

O Sorriso De Uma Estrela



Textos


O Despertar de Um Sono


Ao despertar de um sono profundo, incoscientemente minha alma vagueia pelo o espaço, o meu espírito também vagueia sem destino em busca de um corpo há muito adormecido. E nesse desencontro entre corpo, alma e espírito a matéria do meu corpo ficava inerte sem movimento, apenas os meus olhos olhavam para um determinado ponto sem nada dizer. Passei muito tempo vendo e ouvindo sem nada entender. Era como se eu tivesse em outro planeta, com pessoas diferentes, falando outra língua que não era a minha. Quando os meus olhos se cansavam de olhar para o nada eles adormeciam, então a minha alma voltava a vagar. Não sei há quanto tempo eu estava no leito daquele hospital, mas de uma coisa tinha certeza, eu precisava reagir.
Reagir... Reagir como se eu não conseguia me mecher... Se as minhas pernas não davam nenhum sinal só minha mente é que trabalhava, é que depositava milhões de pensamentos, lembranças e saudades. Eu gostaria de lembrar só de coisas boas mas infelizmente tenho que lembrar também das coisas ruins para poder aprender com elas a lição da vida de que nunca devemos brincar com a vida porque a vida é muito preciosa para que possamos brincar sem pensar nas conseqüências.

Me lembro de uma passagem da minha infância onde tudo era lindo, tudo era magia, encantamento, morava numa fazenda muito bonita com pastos verdes, ar puro, onde eu podia brincar livremente sem medo. O casarão era lindo digno de uma moradia perfeita do campo. Em época de festas as pessoas se divertiam, ficavam admiradas com a beleza e o conforto que aquela saudosa casa proporcionava seus convidados, meus pais e familiares ficavam felizes ao receber tantos ilustres da alta sociedade.
Mas o melhor era os comes e bebes, eram uma fartura que não tinha limites.
Era assim que meus pais recebiam à todos. Eles não mediam esforços. Eu, como sempre, ficava a observar a chegada das belas damas apesar de estarmos numa fazenda, elas se esmeravam nas suas vestes, cada uma querendo se vestir melhor do que a outra, afinal de contas, elas estavam numa festa muito bem organizada que não ficava devendo nada para as festas da cidade. E quando chegavam, o deslumbre era total elas analisavam as paredes da casa como se fosse um quadro pintado pelas mãos de um pintor famoso, olhava cada detalhes, cada cômodo, cada espessura e diziam, esse casarão é uma obra prima que no futuro se tornará um museu de arte onde todos pudessem ver e admirar sua obra. E elas não estavam erradas, logo o futuro chegou.

Em um belo dia, tudo em minha volta aconteceu, a tragédia tomou conta da família. De uma ora pra outra meus pais perderam tudo que havia construido com tanto trabalho, com tanto carinho, com tanta dedicação. Anos a fio de trabalho árduo cuidando dos animais, cuidando do seu rebanho, preparando a terra, os pastos para que não faltasse o alimento saudável para seus animais. Eu dormir rico acordei pobre. E não demorou muito para os comentários começarem a correr de boca em boca, os mexiriqueiros diziam: a família Carvalhos ficou pobre, perdeu tudo, uns riam outros choravam, mas o que eles não sabiam era que nós fomos vítimas das maldades aleias, de pessoas inescrupulosas que sempre querem levar vantagens em tudo. E também houve a desapropriação daquela linda fazenda para o chamado progresso. Agora eu pergunto: que progresso é esse que desaloja pessoas que trabalham para seu sustento e que ainda por cima dão trabalho para quem precisa. Mas não adiantava argumentar, o fato é que tínhamos que nos mudar para a cidade e recomeçar tudo de novo.
Mas o meu querido pai era um homem corajoso não abaixava a cabeça para nada sempre ia em busca de novas idéias, de um novo trabalho para o sustento da sua família. Os amigos; cadê os amigos? Esses desapareceram, enquanto tínhamos algo para lhes oferecer eles estávam nos bajulando, quando soube do nosso fracasso saíram de fininhos e nunca mais se ouviram falar. Mas afinal; quem precisa desse tipo de amigos se tivermos Deus no nosso coração? Essas eram as palavras da minha querida mamãe.

Mudamos, todos se adaptaram, menos eu, me tornei rebelde, cresci, mas a rebeldia continuou. Eu nunca fui uma pessoa má só não me conformava com as mudanças forçadas, demorei muito para entender o que eu estava fazendo com minha própria vida. Não adintava eu bravejar, me rebelar porque eu estava machucando somente a mim. Eu só fui entender o quanto eu estava sendo ridiculo, foi quando algo muito sério aconteceu comigo que me fez mudar por completo o meu modo de pensar, de agir. Sentir a morte de perto.
Quando ainda jovem, saia para as baladas, tomava um trago aqui, outro ali, um cheiro aqui, um cheiro acolá, e as brincadeiras continuavam. Mas de repente cai num precipício da burrice, da vaidade, do orgulho, das brincadeiras de mal gosto, não percebi que minha vida tinha peso de ouro. E quando me vi num silêncio total no leito de um hospital, devido a um acidente grave que eu tive por causa das estravagâncias que eu fazia com os amigos dirigindo bêbado colocando em risco a vida das pessoas e a minha própria é que comecei a valorizar o bem mais lindo que Deus me deu; a minha vida. Hoje eu espero o reencontro da minha alma com meu espírito para eu retornar à minha vida verdadeira, a vida do amor em Cristo e o amor pelas pessoas ao meu redor. Espero ansioso esse encontro da minha alma com meu espírito, para que eu possa renascer e obter uma nova chance para uma nova vida recomeçar...
Espero, espero em Deus, que tudo que eu passei me serviu de uma grande lição!

Izaura N Soares
Enviado por Izaura N Soares em 09/04/2007
Alterado em 05/11/2008


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